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“Chegaremos a mais pessoas não só pelo apoio que vamos prestar, mas também pelo emprego que pretendemos gerar”

O Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Abóboda (CESPA) é um dos 45 parceiros que integram o Grupo de Ação Local do FatorC.

O FatorC esteve à conversa com Laura Côrte-Real, Padre Miguel Ribeiro e Rafael Pereira que nos deram a conhecer a realidade desta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) e de que forma o SI2E é um instrumento financeiro útil para a concretização dos alguns dos objetivos delineados no apoio à comunidade de São Domingos de Rana.

 

FatorC – Quando e como surge o CESPA?

CESPA – O Centro Social da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Abóboda (CESPA), situado na freguesia de São Domingos de Rana é uma IPSS, que dá resposta nas áreas da Infância, Sénior, do Emprego e Social.

Uma vez que o Centro Social e Paroquial de São Domingos de Rana abrangia uma vasta área populacional, houve necessidade de dividir as Paróquias. Por decreto Patriarcal em 2004 foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Abóboda, que por sua vez em 2006 constituiu o centro social.

É em 2008 que o CESPA assume a gestão do projeto, até então chamado “Casa de Talaíde”, como uma IPSS que pauta a sua intervenção pela promoção da vida na família e do desenvolvimento integral de todo o Homem, estando atenta às suas necessidades, não só pessoais mas, acima de tudo, sociais.

FatorC – Qual o papel do CESPA na resolução de problemas sociais no concelho de Cascais?

CESPA – Antes de mais, não querendo parecer um cliché, a responsabilidade social somos todos nós. O CESPA não foge a esta máxima, não trabalha, não serve sozinho. Passando pela direção, cerca de 30 colaboradores e voluntários, é um trabalho em rede com todas as outras organizações.

[Aqui podemos constatar a grande assimetria que existe no nosso Concelho, entre o litoral e este interior.  No entanto, apraz-nos assinalar, que com a melhoria das infraestruturas e vias de comunicação, esta situação está a mudar.]

O âmbito de ação territorial do CESPA centra-se nas localidades de Talaíde, Conceição de Abóboda e Abóboda. Aqui podemos constatar a grande assimetria que existe no nosso Concelho, entre o litoral e este interior.  No entanto, apraz-nos assinalar, que com a melhoria das infraestruturas e vias de comunicação, esta situação está a mudar.

Além da resposta que damos ao nível das problemáticas sociais inerentes a esta localização, por falta de serviços locais e oportunidades com que a população se depara, alinhado à baixa condição socioeconómica da grande maioria das famílias, é objetivo do CESPA, além do fortalecimento do sentido comunitário, a redução desta assimetria da população, através da prestação de um serviço de qualidade.

Essencialmente, queremos servir a comunidade pela prestação de serviços de apoio às famílias, que contribuam para a sua dignidade, através de uma relação de proximidade.
Promovendo a educação, a integração comunitária, social e a solidariedade pretendemos alcançar o desenvolvimento integral da Pessoa segundo os princípios do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, contribuindo para a construção de uma sociedade inclusiva.

FatorC – Quais as áreas de atuação do CESPA e que ações/atividades desenvolve para cada uma delas?

CESPA – O CESPA tem uma forte componente solidária e de apoio à comunidade, respondendo de forma integrada e integradora em diferentes áreas: na educativa, no apoio aos idosos e no apoio às famílias mais vulneráveis e em situação de risco.

Na creche proporcionamos cuidados de guarda, alimentação, higiene e conforto das crianças e desenvolvemos atividades de carácter lúdico e pedagógico. Para além das atividades referidas, a creche proporciona ainda atividades adicionais, como a Música e a Psicomotricidade.

Segue-se o Pré-escolar onde se desenvolvem as competências próprias das crianças desta faixa etária o projeto pedagógico desdobra-se em atividades, a par de outros projetos nos quais a criança se envolve e participa, sendo assim o motor das suas aprendizagens. Dispomos também da componente social de apoio à família, permitindo o prolongamento além do horário letivo e a alimentação e propomos atividades adicionais como o Karaté e a Meditação.

Ainda direcionado para as crianças temos o Centro de Atividades de Tempos Livres (CATL) que funciona na EB1 de Talaíde. O CATL funciona na modalidade de extensão de horário durante e nas interrupções letivas, promovendo atividades lúdicas para as crianças. Nas férias de verão promove uma colónia durante uma semana e, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais (CMC), coordena as AEC´S (Atividades Extra Curriculares) para 91 crianças da comunidade educativa.

Para os idosos dispomos do Centro de Convívio, um espaço de promoção do envelhecimento ativo e saudável para pessoas com mais de 65 anos ou que estejam reformados, onde são criadas e dinamizadas atividades culturais, formativas e de convívio, proporcionando momentos de lazer e de quebra de rotina, essencial ao equilíbrio físico, psicológico e social dos idosos.

O CESPA possui também um Gabinete de Serviço Social para realização de atendimentos sociais a indivíduos e famílias residentes na freguesia para acompanhamento e procura de estratégias para resolver problemas que os afetam. Este gabinete tem como principais objetivos, integrar e promover a inclusão social das famílias, a prevenção e reparação de situações de carência e desigualdade socioeconómica, nas mais variadas áreas de intervenção, como a saúde, habitação, emprego, educação.

Articula também, através de protocolos estabelecidos com a CMC, o apoio pecuniário e em géneros alimentares através do “Cascais Mais Solidário”; a facilitação no acesso a fraldas através do “Melhor Saúde no Concelho” e na comparticipação na compra de medicamentos, através do “Farmácias do Concelho”.

Aqui o CESPA dá também resposta através dos seguintes projetos: Banco Alimentar, apoiando cerca de 210 utentes e a Cantina Social, desde 2012, com o objetivo de garantir o acesso a refeições gratuitas para pessoas/famílias em maior situação de vulnerabilidade social.

Por último, em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, apoiamos os jovens e os adultos desempregados, na definição ou desenvolvimento do seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho, através do Gabinete de Inserção Profissional.

FatorC – Existem projetos novos para serem implementados? Quais?

CESPA – Sim. Vamos agora, em parceria com outras organizações em Cascais, integrar a candidatura no âmbito do POAPMC – Programa Operacional às Pessoas Mais Carenciadas, em parceria com o Instituto da Segurança Social, que visa a distribuição de géneros alimentares e/ou bens de primeira necessidade às pessoas mais carenciadas, a par de medidas de acompanhamento com vista à inclusão social dessas mesmas pessoas em situação de carência económica. Desta forma, em consciência de que os cabazes que distribuímos através do Banco Alimentar não suprimem todas as necessidades, temos aqui a oportunidade de facilitar a oferta de cabazes alimentares nutricionalmente adequados e que permitam assegurar 50% das necessidades energéticas e nutricionais de quem apoiamos.

[… o CESPA está em grande fase de expansão com a construção do novo equipamento, o Complexo Social da Abóboda, situado na localidade da Abóboda]

Para além deste projeto, que será desenvolvido no equipamento de Talaíde, o CESPA está em grande fase de expansão com a construção do novo equipamento, o Complexo Social da Abóboda. Com uma intenção estratégica operacional, pretendemos adequar as estruturas e implementar um sistema de respostas na área da terceira idade através de um Centro de Dia com capacidade para 40 utentes e SAD – Serviço de Apoio Domiciliário que servirá cerca de 70 utentes. Aqui o CESPA estabelecerá um compromisso significativo e relevante numa área de intervenção deficitária na nossa freguesia.

Vemos esta aposta como um benefício para a nossa comunidade. São muitas as Instituições que já fazem este trabalho meritório. No entanto, com o envelhecimento e o, feliz, crescente aumento da esperança média de vida, as respostas revelam-se insuficientes. Desta forma, chegaremos a mais pessoas. Chegaremos a mais pessoas não só pelo apoio que vamos prestar, mas também pelo emprego que pretendemos gerar. Pela extrema importância que estas respostas sociais terão na zona geográfica onde ficarão implementadas, é uma realidade há muito querida pela comunidade que espera um novo sentido e um novo rumo, evitando o isolamento da população idosa e assegurando a satisfação das suas necessidades.

O CESPA pretende ser reconhecido na comunidade como uma instituição de solidariedade cristã, aberta a novos desafios, pautada pela excelência na área da educação infantil, inclusão comunitária e social.

Entretanto, porque faz parte da nossa Paróquia e da nossa identidade, junto ao Complexo Social da Abóboda está já em fase de construção a nova Igreja que representará um espaço de culto religioso.

A par teremos também um Centro de Juventude que propõe a organização de oficinas pedagógicas, em diversas áreas, contribuindo assim para a definição de projetos de vida. Procurar-se-á que os jovens cresçam cultural e espiritualmente em são convívio. Este espaço, mais destinado a atividades culturais, cumprirá dois objetivos, um de guarda e recolha das tradições, e outro de maior integração social e de desenvolvimento dos valores pessoais.

FatorC – Em que medida consideram o SI2E como uma oportunidade para a criação destes novos projetos?

CESPA – Em conjunto com o apoio da autarquia na construção do equipamento, a Instituição tem realizado um grande esforço no investimento financeiro aplicado que, por agora, sem o auxílio da Segurança Social, através dos Acordos de Cooperação, colocará em grande dificuldade a implementação, manutenção e sustentabilidade desta Resposta.

Neste sentido, estando a nossa intervenção direcionada para uma área geográfica considerada de baixa densidade o SI2E, na componente FEDER, surge como uma oportunidade de financiamento para aquisição de equipamentos e uma viatura para o serviço de apoio domiciliário que permitirá chegar a mais pessoas, com mais rapidez e qualidade.

FatorC – Quantos postos de trabalho pensam criar?

CESPA – A propósito de postos de trabalho, respondo em pessoas: “As pessoas são totalmente essenciais e completamente insuficientes”, esta foi uma frase que marcou um momento de formação do “Programa de Gestão de Redes e Governança Local” que a direção técnica do CESPA integrou.

O principal foco é o serviço, o serviço às pessoas. É tão importante e motivador acolher os utentes como acolher novas pessoas para trabalhar connosco, à luz do que queremos que seja um serviço de qualidade. Bem, numa primeira fase, com o arranque das duas Respostas Sociais, pretendemos criar oito postos de trabalho diretos e de caráter permanente, estimando-se que em pleno funcionamento tenhamos 12 colaboradores no total.

FatorC – De que forma a aprovação de uma candidatura ao SI2E vai ser útil para a instituição?

A utilidade da aprovação desta candidatura é inquestionável! Somos uma organização social, fazemos parte do setor não lucrativo e acreditamos que em rede e parceria podemos fazer sempre mais e melhor. Com pouco geramos muito e todos os recursos são significativos neste compromisso.

[Ter acesso a este fundo seria, efetivamente, um apoio crucial nesta primeira fase para prosseguirmos os fins a que nos propomos]

O Centro de Dia terá como objetivo a promoção do envelhecimento ativo e o aumento da qualidade de vida das pessoas idosas, evitando o seu isolamento, colocando-as em contacto com o exterior, integrando-as ativamente na sociedade e assegurando-lhes a satisfação das suas necessidades. O Serviço de Apoio Domiciliário contribuirá para uma resposta mais alargada e adequada às situações de maior vulnerabilidade física e psíquica da população dependente, possibilitando a prestação de cuidados a nível do tratamento de roupa, higiene pessoal, higiene habitacional, confeção e distribuição de refeições, cedência de ajudas técnicas, entre outros serviços.

Ter acesso a este fundo seria, efetivamente, um apoio crucial nesta primeira fase para prosseguirmos os fins a que nos propomos.

FatorC  – Como vê o setor social nos próximos 5 anos?

CESPA – A continuar a desenvolver e a implementar o trabalho social nas suas inúmeras áreas e vertentes de intervenção. Contudo, e acompanhando a sociedade de informação, torna-se claro e evidente que o setor necessitará de adotar novas práticas de gestão e sustentabilidade, que lhe permita continuar vinculado à solução dos problemas sociais.

[…o setor social continuará a prestar e a ser garante do trabalho social, através de inúmeras organizações sociais que cada vez mais se irão caracterizar por serem empresas sociais em que o lucro é sinónimo de mais e melhor apoio para as necessidades da sociedade portuguesa]

Nos próximos 5 anos o setor social, fruto do escrutínio nem sempre sério da comunicação social e da opinião pública, estará sempre numa posição de extremos, ou seja, reconhecido pelo seu trabalho de primeira linha na sociedade, dignificando a pessoa, mas também apontado por exemplos negativos que não são representativos do todo.

Por último, o setor social continuará a prestar e a ser garante do trabalho social, através de inúmeras organizações sociais que cada vez mais se irão caracterizar por serem empresas sociais em que o lucro é sinónimo de mais e melhor apoio para as necessidades da sociedade portuguesa.

FatorC – Que conselho gostaria de deixar para as restantes entidades da economia social do concelho de Cascais?

CESPA – Não deixo um conselho, mas sim uma constatação. Cascais é um exemplo no que respeita ao trabalho desenvolvido pelas várias organizações sociais. Neste Concelho verificam-se os resultados deste caminho. A coesão traduz que a Rede Social é ativa e atenta à realidade do seu Concelho. O trabalho das instituições sociais assenta na base e na razão da existência de cada uma destas organizações, mas fortalece-se quando são definidas estratégias comuns de atuação em parceria. A Câmara Municipal de Cascais envolve-se com as instituições e não se desmobiliza.

É meu desejo que as diferentes organizações da economia social do Concelho continuem a trilhar este sólido caminho, sempre atentos à pessoa que a elas recorre.

 

(O FatorC agradece a disponibilidade dos seguintes elementos para a realização da entrevista: Laura Côrte-Real, Diretora Técnica, Pe. Miguel Ribeiro, Presidente de Direção e Rafael Pereira, Vice-Presidente.)

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