Entrevista aos presidentes da junta de freguesia de Alcabideche e São Domingos de Rana
Os presidentes das Juntas de Freguesia de Alcabideche e São Domingos de Rana, José Filipe Ribeiro (JFR) e Maria Fernanda Gonçalves (MFG) respetivamente, foram entrevistados pelo FatorC. Os autarcas avaliam a relevância do Sistema de Incentivo ao Empreendedorismo e ao Emprego (SI2E) para o desenvolvimento socioeconómico das freguesias.
FatorC – A Junta de Freguesia de Alcabideche e SDR são parceiros integrantes e membros ativos na execução da estratégia de desenvolvimento local. De que forma consideram o SI2E um financiamento útil para o desenvolvimento da freguesia?
JFR – O programa SI2E vai permitir a criação de novas empresas na freguesia, bem como apoiar no crescimento daquelas que aqui já desenvolvem a sua atividade, contribuindo para a criação de novos postos de trabalho que, por sua vez, vai ajudar a combater a taxa de desemprego na freguesia.
MFG – São Domingos de Rana, por força da crise que assolou o país, teve uma quebra do número de empresas com atividade na Freguesia. Sendo uma linha de financiamento com o objetivo de incentivar entidades dos setores privado, público e da chamada economia social, permitirá obter ganhos para a criação líquida de postos de trabalho. Este reforço dos recursos humanos de variados setores permitirá a criação de novos serviços, produtos e alavancar a economia das micro e pequenas empresas com sede e/ou atividade na freguesia, estimulando, desta forma, o seu desenvolvimento económico e social.
FatorC – Quais os setores de atividade com maior preponderância atualmente na freguesia?
JFR – O predomínio do setor terciário está relacionado com a modernização da indústria e ao desenvolvimento de numerosas atividades de apoio às empresas tais como seguros, banca, entre outros.
MFG – Tal como em todo o concelho de Cascais, São Domingos de Rana tem uma forte preponderância do terceiro setor na sua estrutura económica e social. Temos também, numa faixa considerável, algumas empresas que se dedicam à produção especializada. Na área dos serviços é também forte a presença de empresas de transporte, maquinaria e serviços especializados. Paralelamente, a rede social apresenta também uma resposta diversificada, mas que precisa de reforço através de recursos humanos cada vez mais especializados, criando-se novas respostas sociais.
FatorC – Quais os três principais recursos endógenos de Alcabideche/SDR que podem ser capitalizados pelos potenciais candidatos ao SI2E do FatorC?
JFR – Os três principais recursos endógenos de Alcabideche são: o Parque Natural Sintra-Cascais; a expansão da agricultura biológica – comercialização/exportação e o Autódromo do Estoril.
MFG – O melhor recurso endógeno da freguesia são as suas gentes. Porém, é necessária a devida qualificação dos recursos humanos, apostando-se na especialização e no reforço da educação. Outro recurso importante é também a sua proximidade com Lisboa e com as estruturas de mobilidade e de transporte, permitindo que várias empresas desta área se fixem no território. No âmbito das micro e pequenas empresas existem ainda muitas possibilidades de diversificar os setores, com novos serviços e através de empregos altamente qualificados, seja através do empreendedorismo, seja de novos produtos.
FatorC – Atendendo aos recursos identificados que novos setores de atividade podem ser atraídos?
JFR – Consideramos três sectores de atividade com potencial em Alcabideche:
- Setores de atividade relacionados com turismo de natureza, saúde e bem-estar e turismo rural;
- Setores de atividade relacionados com a expansão da agricultura biológica, comercialização/exportação. A comercialização e exportação será um motor de desenvolvimento e rentabilidade podendo, em poucos anos, transformar a agricultura biológica na freguesia numa alternativa efetiva à agricultura hoje em dia predominante.
- Setor de atividade dedicado ao motor (turismo/museu):
- Ensino/formação em segurança rodoviária;
- Desenvolvimento e fixação da indústria automóvel e aeronáutica;
- Criação de centros de investigação ligados ao setor automóvel e aeronáutico.
MFG – O empreendedorismo, através da oferta de serviços e produtos a partir de emprego altamente qualificado, permitiria diversificar os setores de atividade económica da Freguesia. Também na economia social é necessário apostar nos idosos. Com o crescente envelhecimento da população, o setor da economia social deverá apresentar novas soluções.
FatorC – Se apresentasse uma candidatura ao SI2E qual a área de atividade que considerava para o seu projeto? Porquê?
JFG – Infelizmente, encontramo-nos perante uma população cada vez mais envelhecida, em que a possibilidade de se afastarem dos familiares se torna devastador. Vivendo numa sociedade em que “o tempo é dinheiro”, vemo-nos cada vez mais limitados no que concerne à possibilidade de prestar apoio ao outro. É no decorrer dessa necessidade que o apoio domiciliário geriátrico se torna numa opção valiosa, permitindo que as pessoas dependentes encontrem, na sua própria casa, a qualidade de vida e conforto de que é digna.
MFG – Consideraria apresentar uma candidatura na área da economia social. Sendo Presidente de uma Freguesia que mantém carências socioeconómicas e com uma estrutura social muito própria, não poderia deixar de apostar num projeto deste setor.
O FatorC agradece a disponibilidade dos dois autarcas e convida o leitor a participar no nosso fórum online, onde, no seguimento da entrevista realizada, gostávamos de ouvir a sua opinião sobre o seguinte tema:
“Se fosse responsável pela definição da estratégia de desenvolvimento socioeconómico deste território, procuraria apostar na especialização de recursos humanos em geriatria e exploração desta atividade de negócio dentro e fora do seu território?
E enquanto empreendedor, qual a área de atividade que considerava para o seu projeto? Porquê?”
Dê-nos a sua opinião participando no fórum online!